Outro recorte mostra que 85% dos produtores usam o WhatsApp para resolver problemas diários das operações na fazenda. Como o caso de um trator quebrado, por exemplo, em que pelo aplicativo o operador pediu para alguém na sede da fazenda buscar uma solução. “A pessoa foi lá, encontrou um tutorial, enviou o link pelo WhatsApp e o problema, que antes durava dois dias, foi resolvido em duas horas. Isso é maravilhoso, porque a agricultura não pode despender desse tempo. Com frequência o trabalho de manejo ou colheita tem janela apertada e não pode esperar”, relata Fabiane.

O WhatsApp é o aplicativo mais usado, enquanto em segundo lugar aparecem apps de acompanhamento do clima, fundamentais para quem trabalha numa fábrica a céu aberto, como costumam dizer os produtores. Na faixa acima dos 55 anos o o à internet é de 60%, um indicativo que salta para 95% na faixa entre 25 e 44 anos. A pesquisa aponta a existência de perfis muito diferentes, conforme região, atividade desenvolvida e faixa etária, o que exige ferramentas de comunicação diversificadas. “Todo o modelo comercial e de relacionamento com o produtor tem que considerar essas diferenças. Da mesma forma, o modelo do relacionamento técnico e o treinamento no campo precisam ser ampliados”, conclui o levantamento.

Quanto mais para cima no mapa, mais jovem é o agro

No mapa da produção agrícola brasileira, é possível dizer que os avós estavam no Sul, os pais no Centro-Oeste e os filhos no Matopiba (acrônimo com as siglas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Longe de ser uma metáfora aleatória, trata-se de uma constatação do movimento migratório de gaúchos, catarinenses, paranaenses e paulistas nas últimas décadas. O algodão, campeão de es jovens, está principalmente no Mato Grosso e na Bahia, que concentram a segunda e a terceira geração de pioneiros das commodities naquelas terras.

“As gerações anteriores já abriram a área, resolveram os problemas básicos, como melhorar a fertilidade do solo e entender o clima. Essas novas gerações têm perfil gerencial e precisam istrar três cultivos por ano. É mais complexo, e eles precisam ter um olhar mais gerencial do que executivo”, pondera Fabiane. “Essas novas gerações têm o à internet na fazenda. O escritório é na casa deles e isso os mantém no negócio”.

Interior de usina de beneficiamento de algodão em Luiz Eduardo Magalhães, na Bahia (Foto: Paulo Schmidt / Divulgação)

Paulo Schmidt, de 45 anos, toca a propriedade da família em Barreiras, no Oeste da Bahia, desde os 32, quando perdeu o pai. É um algodoeiro com mestrado em agronomia pela Universidade Federal de Lavras. " O algodão é uma das culturas que exige conhecimento alto de pragas, doenças, manejo. Numa usina de beneficiamento que estou cuidando aqui, tem galera nova porque tem sensor para tudo quanto é lado, tem que saber mexer em sistema, tem que saber mexer em elétrica. É um nível de especialização muito grande", relata Schmidt, explicando por que há tanta gente jovem na cultura. "Independente de ser novo ou velho, o algodoeiro tem que estar muito tecnificado. Então, o produtor pensa muito na sucessão, coloca os mais novos para trabalhar e esses contratam, automaticamente, pessoas mais novas. Realmente você tem no time de agrônomos e funcionários uma galera mais jovem".

A pesquisa da Fruto Agrointeligência teve foco em produtores e trabalhadores rurais de cultivos que cobrem 85% da área plantada no país. Dados da Embrapa apontam que das 5 milhões de propriedades rurais brasileiras, 500 mil respondem por 87% da produção; o restante ainda precisa ser inserido de forma mais competitiva no agronegócio.

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